Por Que Jesus Amaldiçoou a Figueira? Entenda o Significado Espiritual Dessa Ação de Cristo
Em meio aos relatos dos Evangelhos, há um momento que causa estranhamento e profunda reflexão: Jesus se aproxima de uma figueira, não encontra frutos nela e a amaldiçoa, fazendo com que seque completamente (Marcos 11:12–14, 20–21; Mateus 21:18–22). Para muitos, essa atitude parece dura e desconectada da imagem comum de um Cristo compassivo. Então, por que Jesus amaldiçoou a figueira?
Essa não é apenas uma ação isolada — é um poderoso símbolo, uma mensagem viva sobre aparência, hipocrisia espiritual e o chamado divino à autenticidade.
O Contexto do Episódio
Jesus está a caminho de Jerusalém, nos últimos dias antes de sua crucificação. Ele tinha acabado de entrar na cidade em triunfo, e agora se dirige ao templo (Marcos 11:11–15). No caminho, sente fome e vê uma figueira com folhas. Ao se aproximar, percebe que ela não tem frutos, mesmo que estivesse coberta de folhas — sinal externo de que deveria haver figos.
“Então ele disse à árvore: ‘Que ninguém jamais coma de seu fruto’. E os discípulos ouviram isso.”
(Marcos 11:14, NVT)
No dia seguinte, ao passarem novamente, os discípulos notam que a figueira havia secado desde a raiz.
Um Julgamento Simbólico
Jesus não agiu por impulso ou frustração. Como em muitas outras situações, Ele estava ensinando por meio de sinais visíveis.
A figueira representava Israel, e mais especificamente, os líderes religiosos da época. Assim como a figueira tinha aparência de fertilidade, com folhas verdes, o sistema religioso exibia exteriormente piedade — mas, na essência, estava sem frutos espirituais verdadeiros.
Jesus havia acabado de ver o templo se tornar um mercado (Marcos 11:15–17). Sua indignação com a corrupção e a falta de reverência era legítima. A figueira, então, torna-se uma parábola viva: Deus procura fruto, e não apenas aparência.
Frutos, Não Aparência
Essa passagem ecoa temas encontrados em vários trechos da Escritura:
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Isaías 5:1–7: Deus planta uma vinha (Israel) esperando justiça, mas encontra opressão.
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Jeremias 8:13: “Não há figos na figueira, nem uvas na videira…”
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João 15:1–8: Jesus fala sobre a videira verdadeira e a importância de dar frutos espirituais.
Deus não se impressiona com folhas. Ele deseja corações transformados, obediência sincera, amor verdadeiro — frutos do Espírito e não meras práticas externas (Gálatas 5:22–23).
Aplicações para Nós Hoje
A figueira nos confronta diretamente. Muitas vezes, podemos parecer espiritualmente saudáveis — frequentamos igrejas, citamos versículos, falamos de Deus. Mas será que temos frutos visíveis de fé verdadeira?
Perguntas para refletir:
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Minha vida espiritual é apenas externa ou brota de um relacionamento real com Deus?
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Tenho produzido frutos como amor, paciência, domínio próprio e generosidade?
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Existe coerência entre o que proclamo e como vivo?
Um Chamado à Fé Frutífera
Após o episódio da figueira, Jesus ensina sobre o poder da fé:
“Tenham fé em Deus […] tudo o que pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes será concedido.”
(Marcos 11:22–24, NVT)
Ou seja, a verdadeira fé não é passiva. Ela produz frutos, move montanhas, perdoa, ora com confiança, e transforma realidades.
O Juízo Começa Pela Casa de Deus
A figueira também carrega uma advertência. O julgamento de Deus começa com o Seu povo (1 Pedro 4:17). O sistema religioso dos dias de Jesus estava prestes a ser abalado — e o Reino de Deus seria entregue àqueles que produzissem frutos (Mateus 21:43).
Cristo não amaldiçoou a figueira por capricho, mas para alertar todos nós: uma fé sem frutos está morta (Tiago 2:17).
Recursos Recomendados
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Artigo: Desiring God – Why Did Jesus Curse the Fig Tree? (em inglês)
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Livro: A Mensagem do Reino, de Graeme Goldsworthy
Corações Que Dão Frutos
A figueira seca nos lembra que Deus não busca perfeição aparente, mas relacionamento real e vida transformada. Que nossas vidas não sejam como folhas sem fruto, mas jardins onde o Senhor encontra obediência, amor e verdade.
“Nisto é glorificado meu Pai: que vocês deem muito fruto e assim demonstrem que são meus discípulos.”
(João 15:8, NVT)