O Que é a Eleição Segundo a Bíblia?
A doutrina da eleição é uma das mais discutidas — e frequentemente mal compreendidas — dentro da teologia cristã. Para alguns, ela provoca desconforto; para outros, é motivo de adoração e segurança. Mas o que realmente significa a eleição segundo a Bíblia?
Neste post, vamos examinar o conceito bíblico da eleição: o que é, por que importa, como ela se manifesta nas Escrituras e o que isso nos revela sobre o caráter de Deus e o plano da salvação.
O Que Significa “Eleição”?
No contexto bíblico, “eleição” refere-se à escolha soberana de Deus. A palavra vem do termo grego eklektos, que significa “escolhido”. É usada em várias passagens para descrever como Deus escolheu:
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Israel como povo (Deuteronômio 7:6)
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Jesus como Messias (Isaías 42:1)
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Cremos como igreja (Efésios 1:4)
Mas quando falamos da eleição no plano da salvação, o foco está em Deus escolher indivíduos para a salvação eterna — não com base em mérito ou obras, mas em Sua graça soberana.
“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele.”
— Efésios 1:4
A Eleição no Antigo Testamento
A ideia de eleição não começa com Paulo, mas está presente em toda a narrativa bíblica.
1. A eleição de Abraão
Deus escolheu Abraão dentre todos os povos da terra (Gênesis 12:1–3), não porque ele fosse superior, mas por causa do propósito redentor de Deus.
2. A eleição de Israel
Deus escolheu Israel para ser Seu povo especial, como vemos em Deuteronômio 7:7–8:
“O Senhor se afeiçoou a vocês e os escolheu, não porque fossem mais numerosos que os outros povos, mas porque o Senhor os amava…”
A eleição de Israel é um padrão de como Deus escolhe: por amor e graça, não por merecimento.
A Eleição no Novo Testamento
1. Jesus e a eleição
Cristo é o escolhido de Deus (Lucas 9:35). Nele, os crentes também são escolhidos.
2. A doutrina em Paulo
Paulo fala de forma explícita sobre a eleição:
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Romanos 8:29–30 apresenta a cadeia da salvação: “Aos que de antemão conheceu, também predestinou… chamou… justificou… glorificou.”
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Romanos 9 fala da soberania de Deus na eleição: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia.”
A eleição é vista como um ato de graça livre e imerecida:
“Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.”
— 2 Tessalonicenses 2:13
Livre-Arbítrio e Responsabilidade Humana
Uma das maiores objeções à doutrina da eleição é: Se Deus escolhe, o ser humano tem livre-arbítrio?
A Bíblia afirma duas verdades em tensão:
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Deus é soberano e elege para a salvação.
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O ser humano é responsável por crer, se arrepender e seguir a Cristo.
Jesus disse:
“Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e quem vem a mim de modo nenhum o lançarei fora.”
— João 6:37
A eleição não anula a responsabilidade humana, mas garante que aqueles a quem Deus chama, responderão com fé, pois o próprio Espírito Santo opera essa resposta.
A Eleição Gera Segurança
A doutrina da eleição não é para confusão, mas para consolo.
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Se Deus escolheu, Ele também sustentará.
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Se Deus começou a boa obra, Ele a completará (Filipenses 1:6).
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Se fomos eleitos em Cristo, nada nos separará do Seu amor (Romanos 8:33–39).
Charles Spurgeon declarou:
“A doutrina da eleição não é um motivo de orgulho, mas um travesseiro onde o crente descansa a cabeça à noite.”
E Quanto aos Que Não São Eleitos?
A Bíblia não ensina que Deus impede ativamente pessoas de crerem. Todos pecaram e estão condenados por sua própria vontade (João 3:18). A eleição não condena ninguém — ela resgata culpados. Quem crê será salvo.
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”
— Romanos 10:13
O chamado é universal. A graça eficaz é particular.
Por Que Deus Nos Escolheu?
A Bíblia não responde com lógica humana, mas com uma verdade gloriosa:
“…para louvor da glória da sua graça…”
— Efésios 1:6
A eleição magnifica a glória da graça de Deus. É por isso que ela é motivo de adoração.