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O Concílio de Éfeso: Maria, a Natureza de Cristo e a Unidade da Igreja

O Concílio de Éfeso: Maria, a Natureza de Cristo e a Unidade da Igreja

O Concílio de Éfeso, realizado em 431 d.C., foi um divisor de águas na história da teologia cristã. Nele, as doutrinas sobre a natureza de Cristo e a identidade de Maria foram definidas de maneira decisiva, visando preservar a unidade da fé e combater heresias crescentes.

Neste artigo, você entenderá o que motivou o concílio, quais foram suas decisões centrais, e por que ele permanece relevante para o cristianismo até hoje. Também exploraremos outros concílios menores ocorridos em Éfeso que ajudaram a moldar a história eclesiástica.

1. O Contexto Histórico do Concílio de Éfeso (431 d.C.)

No início do século V, a Igreja enfrentava uma nova controvérsia teológica, desta vez envolvendo Nestório, patriarca de Constantinopla. Ele rejeitava o título Theotokos (em grego, “Portadora de Deus” ou “Mãe de Deus”) para Maria, preferindo chamá-la de Christotokos (“Mãe de Cristo”), argumentando que ela deu à luz apenas à natureza humana de Jesus.

Por trás disso estava uma profunda questão cristológica: Como se relacionam as naturezas divina e humana de Cristo? Nestório separava fortemente as duas naturezas, sugerindo quase dois “filhos” distintos — um humano e outro divino.

Opondo-se a essa visão estava Cirilo de Alexandria, defensor da união hipostática (a união das duas naturezas de Cristo em uma única pessoa). A crise ameaçava rachar a Igreja.

2. A Convocação e Estrutura do Concílio

O imperador Teodósio II, buscando restaurar a unidade, convocou o concílio em Éfeso, na atual Turquia, com a presença de cerca de 200 bispos, em sua maioria do Oriente.

As sessões começaram em junho de 431, mesmo sem a chegada de todos os delegados — especialmente os representantes de Antioquia e do papa Celestino I.

3. Principais Decisões do Concílio de Éfeso

Afirmado: Maria como Theotokos

O concílio declarou que Maria é verdadeiramente “Mãe de Deus”, porque deu à luz a Jesus Cristo, que é uma única pessoa divina com duas naturezas inseparáveis.

“Não se diz que a natureza do Verbo passou por nascimento carnal, mas que o próprio Verbo se fez carne.”

Essa definição visava proteger a verdade de que Cristo é totalmente Deus e totalmente homem em uma só pessoa (João 1:14; Colossenses 2:9).

Condenação de Nestório

Nestório foi condenado e deposto como herege. Seus escritos foram rejeitados como divisores da pessoa de Cristo, violando a fé recebida.

Unidade Cristológica

Foi reafirmada a doutrina da união hipostática: as naturezas divina e humana não devem ser separadas ou confundidas, mas coexistem em Jesus Cristo em perfeita harmonia.

4. Implicações Teológicas do Concílio de Éfeso

Sobre Maria

A definição do título Theotokos não teve como foco a exaltação de Maria, mas sim a proteção da cristologia ortodoxa. No entanto, contribuiu para o fortalecimento da mariologia na tradição católica e ortodoxa.

Sobre a Pessoa de Cristo

O concílio foi essencial para afirmar que Jesus não era um homem comum habitado por Deus, mas o próprio Deus encarnado — verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Isso preserva a eficácia da salvação, pois somente alguém plenamente divino e plenamente humano poderia mediar entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5).

5. Outros Concílios Realizados em Éfeso

“Concílio Roubado” de Éfeso (449 d.C.)

Conhecido como o Latrocínio de Éfeso, esse concílio foi convocado para resolver novas disputas cristológicas, mas se tornou um escândalo. Dominações políticas, coerção e violência marcaram as sessões.

  • Dióscoro de Alexandria presidiu com brutalidade.

  • A decisão foi favorável ao monofisismo (a ideia de que Cristo tem apenas uma natureza), condenando Leão I e reabilitando hereges.

  • Não foi reconhecido como ecumênico, e suas decisões foram anuladas no Concílio de Calcedônia (451).

Concílios Locais Menores

Éfeso, por ser uma cidade estratégica e influente, também sediou diversos sínodos regionais, especialmente nos primeiros séculos, tratando de questões disciplinares e pastorais.

6. O Legado do Concílio de Éfeso

O Concílio de Éfeso é lembrado como o terceiro concílio ecumênico da Igreja Cristã, sucedendo Niceia (325) e Constantinopla (381). Seu legado permanece em três pilares:

  • A afirmação da união das naturezas de Cristo

  • A rejeição de heresias que diluíam a encarnação

  • A definição do título Theotokos, com forte impacto teológico e devocional

As igrejas ortodoxas, católicas e muitas tradições protestantes mantêm sua doutrina central como fundamento da fé cristã bíblica.

Conclusão: Fé Verdadeira, Doutrina Clara

A fé cristã não é uma emoção solta ou uma experiência mística isolada — ela se apoia em verdades reveladas. O Concílio de Éfeso nos recorda que Cristo é uma só pessoa, plenamente Deus e plenamente homem, e que nele habita corporalmente toda a plenitude de Deus (Colossenses 2:9).

Defender essa doutrina é honrar a cruz, a encarnação e a salvação que ela nos proporciona.

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