A Chegada do Pentecostalismo ao Brasil
O movimento pentecostal teve origem nos Estados Unidos no início do século XX, com destaque para o avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, em 1906. Marcado pela ênfase nos dons espirituais, especialmente o falar em línguas, o pentecostalismo logo atravessaria fronteiras e chegaria ao Brasil por meio de dois missionários suecos: Daniel Berg e Gunnar Vingren.
Em 1910, eles desembarcaram em Belém do Pará e, a partir de uma igreja batista, iniciaram um movimento que daria origem à Assembleia de Deus, a maior denominação evangélica do Brasil atualmente.
Fundamentos da Doutrina Assembleiana
As Assembleias de Deus são caracterizadas por uma teologia pentecostal, que mantém pontos fundamentais da fé cristã evangélica, mas com ênfase em experiências espirituais, como:
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O batismo no Espírito Santo com evidência de línguas;
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A operação de dons espirituais (profecia, curas, línguas, etc.);
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A iminente volta de Jesus;
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A santificação progressiva do crente;
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A autoridade plena das Escrituras.
A base doutrinária é conservadora em termos morais e valoriza profundamente a experiência pessoal com Deus.
Crescimento Rápido e Popularização
A Assembleia de Deus teve um crescimento explosivo nas décadas seguintes. Isso se deve a diversos fatores:
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A linguagem simples e acessível da pregação;
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A ênfase na experiência com o Espírito Santo, que atraiu muitos em busca de cura, consolo e direção;
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A estrutura descentralizada, que facilitou a plantação de igrejas locais;
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A forte presença em regiões periféricas e interioranas, alcançando populações antes esquecidas por outras denominações.
Hoje, as Assembleias de Deus estão presentes em praticamente todas as cidades brasileiras, com milhares de templos espalhados pelo país.
A Organização da Assembleia de Deus
Apesar de seu nome singular, a Assembleia de Deus no Brasil é formada por diversas convenções. As duas principais são:
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Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) – a mais tradicional;
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Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério de Madureira (CONAMAD) – com características próprias e mais flexibilidade administrativa.
Essas divisões permitem variações em práticas locais, mas compartilham o mesmo núcleo doutrinário.
Influência Nacional
Além do aspecto religioso, os assembleianos têm desempenhado papéis importantes em várias esferas da sociedade:
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Educação e formação teológica, com diversos institutos e escolas bíblicas;
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Mídia evangélica, com rádios, canais de TV e editoras próprias;
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Política nacional, com representação significativa no Congresso;
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Ação social, com iniciativas voltadas a comunidades carentes, dependentes químicos, crianças e idosos.
Desafios e Permanência
Apesar do crescimento numérico, a Assembleia de Deus também enfrenta desafios:
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A necessidade de capacitação teológica contínua;
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A administração de diferenças internas nas convenções;
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A pressão cultural sobre seus valores tradicionais.
Ainda assim, os assembleianos mantêm um compromisso fervoroso com a evangelização e a busca pela presença de Deus.
Um Movimento que Moldou o Evangelicalismo Brasileiro
A história dos assembleianos no Brasil é a história de um povo apaixonado por Deus, pela Bíblia e pelo poder do Espírito Santo. De pequenos cultos em casas a templos com milhares de membros, sua influência continua a moldar o cenário religioso brasileiro com vigor e fervor.
Leitura Recomendada
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História das Assembleias de Deus no Brasil – Isael de Araujo
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Pentecostalismo Brasileiro: Uma Interpretação Sociológica – Paul Freston
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Batismo no Espírito Santo e os Dons Espirituais – Myer Pearlman
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A Teologia Pentecostal – Stanley Horton