O relato bíblico da criação do mundo
A narrativa da criação do mundo está registrada nos primeiros capítulos do livro de Gênesis. Segundo as Escrituras, Deus criou todas as coisas em seis dias e descansou no sétimo (Gênesis 1–2). A criação não foi um processo caótico ou aleatório, mas uma expressão ordenada da vontade de um Deus pessoal, soberano e bom.
Cada ato criativo começa com a frase “E disse Deus…”, destacando o poder de Sua Palavra (Gênesis 1:3, 6, 9, etc.). Deus criou a luz, separou as águas, formou a terra seca, os corpos celestes, os animais e, por fim, o ser humano — homem e mulher — à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26–27).
O propósito da criação
Deus não apenas criou o universo, mas o fez com intenção e significado. O mundo foi chamado à existência como expressão de Sua glória (Salmo 19:1) e para que o ser humano pudesse desfrutar de comunhão com o Criador.
O homem e a mulher foram colocados no jardim do Éden com a missão de cuidar da criação (Gênesis 2:15) e de viver em obediência à Palavra de Deus. A criação, portanto, não aponta apenas para um começo físico, mas também para um relacionamento espiritual — o homem vivendo sob o senhorio de Deus em harmonia com a natureza e com o próximo.
A imagem de Deus no ser humano
Um dos pontos mais elevados da narrativa é quando Deus diz: “Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26, NVT). Isso significa que, entre todas as criaturas, apenas o ser humano foi dotado de racionalidade, moralidade, criatividade e capacidade de se relacionar com Deus.
Essa dignidade intrínseca molda a visão cristã do valor da vida, da responsabilidade humana e do chamado a refletir o caráter de Deus no mundo.
A criação e a ordem
A estrutura de Gênesis 1 apresenta uma ordem deliberada: nos três primeiros dias, Deus forma os espaços (luz/trevas, céu/água, terra/seca), e nos três últimos dias Ele os preenche (sol/lua/estrelas, aves/peixes, animais/humanos).
Esse paralelismo destaca o Deus de ordem, que cria com propósito e estrutura — em contraste com os mitos antigos que retratavam o universo como fruto de batalhas entre deuses. O relato bíblico oferece uma visão única e elevada sobre a origem de todas as coisas.
Criação, fé e ciência
Muitos se perguntam como conciliar o relato da criação com descobertas científicas modernas. Embora existam diferentes interpretações dentro da ortodoxia cristã (como o criacionismo de seis dias literais ou a ideia de dias como eras), o ponto central permanece: Deus é o Criador. Tudo o que existe provém de Sua vontade e soberania (Hebreus 11:3).
Para aprofundar nesse assunto, vale conferir o livro “O Universo ao Alcance de Todos” de Adauto Lourenço, que oferece reflexões úteis para quem busca compreender a harmonia entre ciência e fé cristã.
O descanso de Deus
No sétimo dia, Deus descansou (Gênesis 2:2–3). Esse descanso não indica cansaço, mas conclusão. Deus contemplou Sua criação e declarou tudo “muito bom” (Gênesis 1:31, NVT). Esse princípio estabelece o padrão do sábado, como dia de adoração e comunhão, e aponta para o descanso eterno prometido ao povo de Deus (Hebreus 4:9–10).
Por que isso importa hoje?
Crer na criação bíblica não é apenas aceitar um relato histórico. É afirmar que a vida tem origem, valor, propósito e destino em Deus. É reconhecer que fomos criados para glorificá-Lo, viver em comunhão com Ele e cuidar da criação como bons mordomos.
Num mundo marcado pelo materialismo e pela perda de identidade, o relato da criação em Gênesis nos lembra de quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo.
Leitura recomendada
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Criação e Restauração, de Francis A. Schaeffer
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A Ciência Descobre Deus, de Ariel A. Roth
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Teologia Sistemática, de Wayne Grudem – capítulo sobre doutrina da criação